Caravaggio, O Sacrifício de Isaac, óleo s/ tela - 1603 |
Abraão, nos nervos da tua mão
Tão humanamente tensionados,
Todo um pasmo
Diante do absurdo do sagrado.
Agora sabes da estupidez
De todo sacrifício?
A tua verdade testada é insana,
Um anjo te toca e te chama
À realidade veraz;
Acorda para o pesadelo,
Isaac não vale mais
Do que esse pobre cordeiro.
Tu foste o primeiro a percebê-lo:
Humanos, não somos divinos,
Mas meros animais.
Rembrandt, A Lição de Anatomia do Dr. Tulp, óleo s/ tela - 1620 |
Dr. Tulp, o artista não te fez um logro?
Pôs o teu olhar suspenso num limbo
Entre a ciência e o ogro da morte,
Nenhum anatomista pode se perguntar
Sobe os desígnios da sorte.
O que pinças, tendão ou nervo,
Começa no morto,
Mas termina em ti mesmo.
A Bíblia e seus livros. Os livros e seus escritores. O fato perdido na escrita. Começa na morte e termina em nós mesmos.
ResponderExcluirCaravaggio e Rembrandt: pincéis poéticos
ResponderExcluirabraço
Maravilhosos, Marquinho!
ResponderExcluirO que pinças, tendão ou nervo,
Começa no morto,
Mas termina em ti mesmo
Beijos,
perfeito
ResponderExcluirestaremos todos mortos? todos vivos?
seremos imortais numa falsa foto?
abraço
Laura Alberto
Suspeitas que nasceram uns para outras?
ResponderExcluirTá que tá danado!
Demais! Ambos os poemas são extraordinários!
ResponderExcluirParabéns!
Quero Pessoa na minha poesia
ResponderExcluirQuero Bach na minha melodia
Marcantonio na minha anatomia
Abraço mineiro,
Pedro Ramúcio.
fenomenais marquim.
ResponderExcluirhá um tempo atrás tinha feito uma colagem em cima dessa tela do caravaggio. o anjo era um cliente e abraão um açougueiro. parece mesmo que ele está para fatiar um bifes da carne de isaac... rs