Como ter a disponibilidade criativa e lúdica de um anônimo construtor de castelos de cartas que se submete apenas às injunções do próprio medo (sagrado medo!) de que eles desabem diante dos seus próprios olhos?

sábado, 27 de novembro de 2010

Se Novembro Finda...

PELA MESMA VIA

                  Para Mai

O que colhe o olhar ao longe?
Não serão flores
Que a estas a atmosfera faminta destempera;
Não serão pássaros
Que estes ao longe são lentas formiguinhas
Subindo pelas paredes do ar;
Não serão cores
Que remotas abdicam de colorir;
Não serão linhas
Que pela distância têm os ossos desconjuntados;
Não será fumaça
Que no longínquo não há respiros ardentes;
Não serão rios
Que estes do horizonte caem na foz suspensa;
Não serão números
Que já estão lá acampados no conjunto vazio;
Não serão nomes
Que os muros do olhar não têm ouvidos;
Não serão pedras
Que estas aos pés é que são sólidas;
Não serão almas
Que almas distantes não se movem.

Talvez os olhos ao longe nada busquem,
Mas enviem, remetam, revidem.
Quem sabe projetem algo que sobre o nada incide?
Projetem o que? Isso: o “quê?"  [o quid].


PRONOMES IMPRÓPRIOS

Seja sincero, sujeito! Tudo é você, não é mesmo? Sobretudo
por eu não saber se quando falo você não é ao nós que me refiro.
Mesmo porque nesse tudo-você convivem outros-você-mesmo
com si-mesmos outros, tais como esse eles que para mim mesmo escrevo 
quando você nos lê.


PIQUETE

Sons desencaminhadores
Propondo pactos:

- Deixa o dia se perder!
A tua alma
Já pertence mesmo
Ao vazio... Das palavras.


Marcantonio, monotipia s/ título
Outras trabalhos meus AQUI

14 comentários:

  1. Marcantonio, meu querido
    O que colhe o olhar ao longe?
    Quid: aí está o ponto difícil.
    Tão difícil quanto identificar os pronomes impróprios, que pardoxalmente, declinamos com tanta facilidade!
    A despeito dos pactos desencaminhadores propostos...(Meu voto é mais do que favorável!)
    Enorme abraço, amigo!

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  2. MARCANTONIO!

    Não costumo comentar o que à outra pessoa é dirigida, Mas tenho que admitir que foi impossível não ler e lendo senti a sabedoria de ambos. No "talvez", a verdade prima.

    Pronomes Impróprios e Piquetes, um verdadeiro SHOW!

    - Deixa o dia se perder!
    A tua alma
    Já pertence mesmo
    Ao vazio... Das palavras.

    O máximo!

    Beijos, poeta!

    Mirze

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  3. HAICOMENTÁRIO

    Se novembro finda,
    nosso grande Marcantonio
    fica melhor ainda.


    (Fred Caju)

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  4. Se Novembro finda... não finda o teu rio perene de versos. "Piquete" é o que há. Disse tudo em poucos verSOS. Essa monotipia é com giz de cera? Bom demais da conta. Abraço grande, poeta plástico.

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  5. Gostei muito muito do seu quadro feito de ventanias sobre o azul...

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  6. Bela esta singular homenagem a Mai, maravilha


    abraço

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  7. Beleza, Marquinho, o poema-homenagem e tudo mais...Piquete é o máximo, adorei..
    Beijos

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  8. A Mai merece, pelo seu olhar que capta o horizonte distante, a alma de cada um. Lindo poema!

    E por enquanto, deixo meu dia "se ganhar" aqui, só eu me perco em desvario.

    Beijo, amigo.

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  9. Marcantonio, artista de vários blogs. Um não basta mesmo, pra caber tanto talento. Gostei e voltarei. Abraços e obrigado pela visita ao meu sítio.

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  10. O olhar ao longe
    colhe a poesia que fica
    do quanto passa.

    Eu não sou você
    mas falo no espelho
    para nós mesmo.

    Os corpos se entendem
    mas as almas não?
    Tudo são palavras.

    Grande abraço, Marcantonio.

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  11. gostei muito de teu blog. de teus escritos. para cá voltarei, claro.

    abraços.

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  12. Mai sempre com a poesia na ponta da palavra.

    E sabe.... piquete é genail. Embora fique com o vazio, que a nós todos engloba!

    muito bom!

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  13. Você me fez chover e se rio, transbordo em mar...
    Obrigada, obrigada, obrigada...
    Shukran... é obrigada em uma língua qualquer.
    Como eu poderia imaginar?!...
    I am speeachless.
    eu fico assim - apatetada.
    e sei que vou ler e reler e reler...

    mas não há palavras para o que estou sentindo agora

    um beijo
    e mil reverências
    e mil desculpas pela cegueira, mas foi de não saber...
    Sabe, desde a primeira vez que te lí sentí borboletas a girar em meu estômago...E não conseguia comentar e ficava a sentir o que sentia. Isto o que me faz é a poesia.
    Então és poeta, és artista, és isto que significas com tua arte e poesia e que, por vezes, nem se explica
    e eu estou rimando...porque acabei chorando.

    e depois eu volto

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