É ilegível um livro escritos sobre transparências,
A sobreposição das páginas
Cria escara de rasuras.
A cidade ainda se me revela com segmentos vítreos,
Fachadas translúcidas:
O que há para se ver ainda não está apenas nela,
Paisagem-janela para outra cidade.
E uma cidade que se leia tem de ter opacidade
De osso, de fêmur ou crânio ou pelve;
De gordura coagulada, de leite talhado,
De névoa calcificada. Seus caracteres
São ciumentas presilhas óticas.
Uma cidade que se ame obtura os vão de fuga
Para o olhar
E nele crava o esmalte de seus dentes entalhados.
Uma cidade que se ame é corpo com poros fechados,
E não tem avesso que se veja de outra cidade.
Onde é líquida, também é turva.
Se tem rios, correm em círculos,
Se litorânea, fecha as estradas marítimas da memória
De outras cidades.
Uma cidade que se ame é densa lápide
Para o renascimento
Em que não se chora por futuras saudades.
de torar véio,
ResponderExcluirabraço
O que há para se ver está na cidade de dentro com vista panorâmica para as palavras.
ResponderExcluirAinda por cima, com o vídeo dando o fundo de ansiedade, vi a minha Berlim (todo poeta tem uma Berlim para si).
ótimo, Marco!!!
um beijo.
"Uma cidade que se ame obtura os vão de fuga
ResponderExcluirPara o olhar
E nele crava o esmalte de seus dentes entalhados.[...]"
Perguntas ainda se 'és poeta'?
Belíssimo; beijos e abraços.
El
corações cidades fechadas
ResponderExcluirversos translucidam
janelas
abs
Gostei do poema.
ResponderExcluirFlores.