Como ter a disponibilidade criativa e lúdica de um anônimo construtor de castelos de cartas que se submete apenas às injunções do próprio medo (sagrado medo!) de que eles desabem diante dos seus próprios olhos?

quinta-feira, 18 de março de 2010

Os Bobos da Cultura Moderna

“Os bobos das cortes medievais correspondem aos nossos folhetinistas; é a mesma espécie de homens, meio racionais, engraçados, tolos, que só servem para, vez por outra, mitigar o patético da situação por meio de piadas e conversa fiada e ensurdecer com sua gritaria o som demasiadamente pesado e solene do toque dos sinos nos grandes acontecimentos; outrora, a serviço dos príncipes e dos nobres, agora a serviço dos partidos (como no espírito de partido ainda sobrevive hoje uma boa parte da velha obsequiosidade das relações entre povo e príncipes). Mas toda a classe moderna dos literatos está muito próxima dos folhetinistas; são os “bobos da cultura moderna” que julgamos com mais indulgência quando não os tomamos como inteiramente responsáveis. Considerar a atividade de escritor como uma profissão deveria, a bem da verdade, passar por uma espécie de loucura.”

(Nietzsche, Humano, Demasiado Humano – Capítulo IV – Tópico 194)

Admirável, não? Depois de postar esse texto de Nietzsche, eu deveria deletar este blog e ir plantar batatas. Mas, pobre de mim! Quem sou eu, como muitos, senão um bobo fora das cortes? Mas quando leio esse tópico, penso logo em muitos escritores, intelectuais e artistas (deveria colocá-los entre aspas) que costumam frequentar assiduamente a nossa mídia. A descrição, segundo penso, lhes cai perfeitamente.

















Nietzsche e a Embriaguez  -  Marcantonio

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