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Na terra distante onde os dragões viviam desde o fim da
Idade Média, surgiram, vindos de fora, rumores de que dragões eram seres
míticos sem existência real. Tais boatos deflagraram uma onda de revolta e
indignação que, como toda onda de revolta e indignação, fez germinar uma
inquietante dúvida: será verdade? Será que não existimos?
Para solucionar aquele impasse, os dragões decidiram, em
assembléia, romper um pacto de isolamento vigente há mais de oito séculos, e
enviar um emissário ao Ocidente em busca de um especialista em mitologia, de
preferência o maior deles. Assim foi feito, e após uma semana, a autoridade,
seqüestrada com pleno êxito e total discrição, apeou nas terras dragônicas.
Devidamente posto a par das razões de sua vinda, o
especialista não se fez de rogado, e exarou de pronto o laudo:
- Senhores, lamento muito informar, mas vossas senhorias não
existem, são apenas figuras míticas de uma época muito remota. E desconfio, por
razões metodológicas, que estou apenas sonhando neste momento.
O insigne mitologista mal teve tempo de recuperar o fôlego,
foi incinerado por raivosas e inconformadas cusparadas de fogo, de maneira que
o infeliz não pôde acordar, se de fato dormia, e concluir que tudo não passara
de um sonho. E justo por esta última razão, os dragões não conseguiram
certificar que existiam de verdade.
2
Uma raposa andava tranqüila e galhardamente,
quando se deparou com um cacho de uvas pendurado a certa altura. Sem estacar o
passo, fez ligeira avaliação e prosseguiu no seu caminho. É que ela já passara
diversas vezes pela situação de não alcançar as uvas e condicionou o reflexo de
dispensar a moral da história.
* Utilizo a designação Antifábula inspirado em um comentário
de Eleonor Marino Duarte, no Facebook, sobre o segundo texto acima.
Dürer, Combate de São Miguel com o Dragão, xilogravura, 1498. |
LINDAS SUAS POESIAS, AO PONTO DE UM ARTISTA PLÁSTICO. www. clara3amores.blogspot.com.br
ResponderExcluirPrazer mais uma vez!
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