Como ter a disponibilidade criativa e lúdica de um anônimo construtor de castelos de cartas que se submete apenas às injunções do próprio medo (sagrado medo!) de que eles desabem diante dos seus próprios olhos?

domingo, 31 de janeiro de 2010

Um Poema de Ricardo Reis (Fernando Pessoa)

Não tenhas nada nas mãos
Nem uma memória na alma,

Que quando te puserem
Nas mãos o óbulo último,

Ao abrirem-te as mãos
Nada te cairá.

Que tronos te querem dar
Que Átropos to não tire?

Que louros que não fanem
Nos arbítrios de Minos?

Que horas que te não tornem
Da estatura da sombra

Que serás quando fores
Na noite e ao fim da estrada.

Colhe as flores, mas larga-as
Das mãos mal as olhaste.

Senta-te ao sol. Abdica
E sê rei de ti próprio.




Um comentário:

  1. Bom dia!!!

    Cheguei até seu cantinho, por meio do André. E gostei de ter entrado. Fernando Pessoa é fonte de inspiração para todos nós né? É um dos meus preferidos!
    " Não basta abrir a janela
    Para ver os campos e o rio.
    Não é bastante não ser cego
    Para ver as árvores e as flores.
    É preciso também não ter filosofia nenhuma.
    Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.
    Há só cada um de nós, como uma cave.
    Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
    E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
    Que nunca é o que se vê quando se abre a janela."

    Beijos e vamos trocando energias boas por ai!!

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