Como ter a disponibilidade criativa e lúdica de um anônimo construtor de castelos de cartas que se submete apenas às injunções do próprio medo (sagrado medo!) de que eles desabem diante dos seus próprios olhos?

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

DOIS POEMAS



MANTER O FOGO

Há momentos
De sol de meio dia dentro do meu crânio fixo
A meio caminho entre o leste e o oeste.
É quando as lupas dos meus cristalinos
Direcionam um raio calorífico intensíssimo
Sobre alguma coisa ínfima e insignificante,
Até que uma fagulha inflame essa ninharia
Tornando-a, de súbito, lenha fundamental,
Imprescindível para reavivar a universal fogueira.


REMANESCÊNCIA

Desconfio que as flores 
Os pássarosse os peixes
Riem da minha pretensão
De lhes furtar os nomes.

E as grandes máquinas anônimas
E os instrumentos indiferentes
E frios sem etiquetas
Também riem com sarcasmo
Quando lhes aplico nomes
De flores, de pássaros, de peixes.

E daí que gracejem?

Desgarrados e desocupados,
Por último riem os nomes
De coisas agora extintas.


7 comentários:

  1. No fim, se ri demais sem porquês... Remanecência me lembra muito de várias coisas que perdeu ou deixei perder o sentido. Aplausos!

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  2. Teus poemas são tão originais que às vezes preciso ler duas vezes. Mas sempre fazem um sentido completo.

    Bj

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  3. Teus poemas são muito originais, e às vezes preciso ler duas vezes para chegar ao sentido completo. Que nunca lhes falta.

    Bj

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  4. é folia da poesia
    deixar tudo meio fora de lugar

    a galhofa é boa
    e o poema mais ainda

    abração

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  5. Gostei muito do teu blog. Parabéns!
    Vem conhecer o meu:

    leiakarine.blogspot.com

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  6. Sempre que passo aqui não perco a viagem! Tua poesia é rica, nutritiva. Tanto, tanto, que alimenta milhares de interpretações.
    Que bom!

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