ENTRE SÍTIOS (10)
(Para Zélia Guardiano e seu Ad litteram)
Uma onda de humanismo
Espraia-se,
Não aos pés,
Mas sobre o corpo inteiro
Da LETRA.
APARENTEMENTE
Estou estendido no meu cotidiano
Como um faquir sobre uma cama
De pregos.
Os outros se iludem a respeito
Dos meus próprios riscos.
CORTANDO DA PRÓPRIA CARNE
Se fogem da paisagem as estradas,
A uniformidade torna a busca impossível.
Um suspiro desiste de exalar-se
Arraigando-se nas câmaras pulmonares
De onde pressiona o coração precipitado.
E os olhos
(apavorados com a própria obsolescência)
Tornam-se autográficos,
Consumindo a reserva de delírios
Situada por detrás das retinas.
SEM TÍTULO
Eu pretendia
dizer-te algo
que ninguém
jamais disse.
Mas não seria
precisamente
nada dizendo
que o não dito
eu te diria?
Assim,
se eu ombrear o meu silêncio
com o teu silêncio,
aguarda, de olhos postos em mim,
as mãos pendidas,
o peito desarvorado,
até que o pronome eu
entre nós se faça invisível.
Terá nos dito algo, o amor
que a palavra tornara
intraduzível.
EM DÚVIDA PROVERBIAL
A
Quem chora primeiro chora melhor?
B
De grão em grão o homem preenche os fatos:
{a b c d e f g h i j k l m n o... O 1 2 3 4 5 6 7 8 9}
C
Os últimos e os primeiros ocuparão
A mesma (trans)posição.