ENTRE-SÍTIOS (13)
(Para Cris de Souza e seu Trem da Lira)
Prismas abstratos
desviam a luz
para o farol que vela
a enseada turbulenta
da ilha-palavra.
Novos sentidos ali não naufragam.
ENTRE-SÍTIOS (14)
(Para Gerana Damulakis
E seu leitora crítica)
Nas estantes aguardam
Os diários fechados
Que anotaram os sismos
Do tempo.
Sobre o momento
Aberto,
Os dedos entrelaçados
Nas crinas das palavras
Indômitas, sempre vivas,
Que correm à beira
Do precipício
Ou do princípio
Da história.
POEMA IMPOSSÍVEL
Qualquer
coisa
MORTA
não pode ficar
sobre a terra,
mesmo
convivendo
apenas
com as coisas
adormecidas,
de rígido e
inamovível
sono,
nunca na
iminência
de deixar
um sonho
que, embora
feito
de esperas,
não as deco
mpõe.
Sim, essas
coisas
diuturna
mente
adormecidas,
mesmo bu
lidas
ou seque
stradas,
mesmo vendidas
ou extr
aviadas,
mesmo gastas
pelo farto
uso,
essas coisas
não
se deco
mpõem
em seu sono
definitivo.
E
se a coisa
MORTA
permanecesse
entre as
restantes
[essas que
inteiras
dormem
somadas
às que
parcialmente
dormem
enquanto
se movem
com tent
áculos
e olhos,
e mesmo
des
maiadas
crescem
em rugas,
unhas e
cabelos]
se a coisa
MORTA
entre essas
permanec
esse
logo
lhes tomaria
o território,
terrificando
o ar que
as envolve.
Ademais,
a coisa
MORTA
transgride
a convivência
do visível
pelo poder
que tem
(horripilante
poder!)
de deixar de
ser imagem
paulatina...
...mente
como anti-
imagem
do próprio
repouso
erosivo.
E às coisas
que
parcia
lmente
dormem
não
convém
teste...
...munhar
o
abandono
erosivo
da
geo
metria
orgâ
nica
outrora
vivente,
a
ação
lívida
sobre
o ser
íntegro
pelo
não
-ser
dissol
ven
te.
LIMBO
A minha biografia
É esse intervalo
Crítico
Entre os meus olhos
E as minhas mãos.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
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muito bons, gosto tanto da profundidade dos teus versos! um beijo!
ResponderExcluirMarquinho, quando eu crescer quero ser uma Poeta que nem vc... É uma fonte inesgotável de criatividade e talento. Os que andamos por aqui e o acompanhamos podemos constatar a cada dia, aqui e no Azul... Vou lendo sempre, às vezes passo calada, mas não deixo de admirar essas inquietações poéticas que se expressam de uma forma surpreendente, às vezes arrebatadora.
ResponderExcluirTodos excelentes poemas, mas o Impossível foi demais: amei!
Abraços
este poema impossível é mesmo abissal, não há que sair impune após a leitura. Limbo é síntese, espasmo poético. A mais pura métrica da existência. Para a Cris e para a Gerana destinaste a mirada perspicaz, a alquimia do encontro.
ResponderExcluirgrande abraço
Li e reli o Poema impossível três vezes seguidas. Sempre que venho aqui - já disse antes - vejo o verso e a poesia serem bem cuidados por suas mãos. Mas dessa vez lanço um adendo: aqui o verso encontra a possibilidade de se materializar em formas que ele jamais experimentara. Parabéns, Marcantonio. Prendeu a minha atenção com o poema!
ResponderExcluirAbraços!
Amigo Marcantonio
ResponderExcluirTudo perfeito, com sua marca registrada!
Tudo lindo!
Agora, este LIMBO mexeu comigo até nas entranhas...
Enorme abraço, meu querido!
Homenagens somente partem
ResponderExcluirda generosidade de um grande poeta.
Todos os poemas carregam teus símbolos.
Em volta deles, os signos de um olhar
atento e de uma vasta alma revelando
também os emblemáticos raios
de outros poetas.
Forte abraço,
amigo.
"A minha biografia
ResponderExcluirÉ esse intervalo
Crítico
Entre os meus olhos
E as minhas mãos..."
Poesia sem complexidade!
aquele tal abraço...
Ô Mago, nem sei o que dizer... É impressionante a sua capacidade de criação, altamente versátil e perspicaz. Além de seres um poeta “sui generis”, és um ser humano altamente generoso. Sorrindo, colocarei teu mimo no trem da lira. Bendita hora que nossos sítios se cruzaram...
ResponderExcluirSinceramente obrigada, ganhei meu dia!
Beijos desta que muito te admira.
(13 é meu número de sorte)
Adorei o poema para a querida Cris, e mais... Pretendo estar acordada, mas na quase ebriedade exata, para encarar escritos assim como os seus.
ResponderExcluirDetonou, meu querido!
Abraço de admiração!
Que honra! Obrigada pelo carinho, Marcantonio. Bela imagem a dos dedos entrelaçados nas crinas das palavras (...)que correm à beira
ResponderExcluirdo precipício ou do princípio da história: uma beleza.
E "Limbo": perfeito!
Da enseada da ilha-palavra ao intervalo entre os olhos e as mãos - a poesia contida e explosiva.
ResponderExcluirMarcantonio!
ResponderExcluirTudo PERFEITO! Mais, impossível!
O Limbo, ficará para sempre guardado em mim.
O IMPOSSÍVEL POEMA, muito bem estruturado, forma um estudo sobre a vida.
Tudo o mais espetacular!
Beijos, poeta!
Mirze
Li os seus poemas. Desde os primeiros postados em janeiro, e achei que o seu vocabulário domina as imagens que você cria com muita competência.
ResponderExcluirE os títulos são muito bem sacados.
Abraço,
JR.
marco,
ResponderExcluirgerana deve ter ficado realmente feliz com as tuas imagens do leitora...
LIMBO é perfeito! a intensidade dada com a imagem dramática que você criou com as palavras
intervalo
Crítico
deixa-nos perto do centro encantador da penúria de criar. adorei.
POEMA IMPOSSÍVEL é um primor!
abraços!
curiosa a associação de um limbo onde atracam as naves do dizer, onde a verve é infinita (a cris) e os esquifes que, para não deixarem de navegar, questionam a matéria de que são feitos. paradoxal? de todo! causa efeito, diria: para se ser é preciso conhecer os limites do ser e do não ser. afinal, gravitamos entre as mãos e os olhos, tal como a poesia.
ResponderExcluirum forte abraço, poeta de traço singularíssimo!
Eis que se exerga o poeta que obviamente é.
ResponderExcluirNas homenagens, na biografia, na generosidade em compartilhar e na beleza da sua poesia.
Grande Marquinho!
Bj
Rossana
Marcantonio
ResponderExcluirParece conhecermos as pessoas, assim me sinto com Gerana. Sua imagem projetada nessas linhas, bate forte com a gerana que intuo. Precipícios e princípios.... sempre recomeçando onde se pensa não haver mais caminho.
Poema impossível, faz parte de um campo morfo genético.... a coisa morta nunca deixa de ser viva, de ser presente, e a sua impossível explicação pela mente, a faz vivente.
Tudo que é tocado pela vida, recebe esse carater infinito.
Adorei tua bigrafia, e só não a comento melhor, pelo espaço que existe entre meus olhos e minha mãos.
Gosto do seu modo tríptico de ser!
Marco, esse poema impossível é um poema sem fim, faz um eco dentro da gente, numa espiral que desce e sobe...nossa, eu adorei!
ResponderExcluiros entre-sítios para a Cris e a Gerana são certeiros, belos frutos do olhar apurado que te caracteriza tão bem.
um beijo
(estava com saudades daqui!)
...Incrível, conseguiu me prender, pois a cada pulo para outra linha, era como se acompanhasse essa coisa Morta ou a morte dessa Coisa, enfim...para saber se o que morre deve estar entre nós ou sob a terra...não sei, as vezes carregamos um cemitério na alma...
ResponderExcluirGostei e voltarei
bjo!