quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Três Poemas no Final de Agosto
CONTEXTO
Confesso-te que falar das nuvens
Reais
É só o pretexto de aludir àquelas
Virtuais
Que passam pelos teus olhos.
Ah, o tempo muda!
E esses cúmulos nimbos me comovem,
Teu céu se fecha e tuas dores humanas
Chovem.
Mas também falar da tua chuva súbita
É outro artifício:
Quero dizer da possível fecundidade
Que se seguirá à pluviosidade
Do teu sacrifício.
Ah, cessa a precipitação e teu olhos
Ficam claros:
Os córregos sinuosos reverdecem
Um solo cansado e deste surge broto
Raro.
É evidente que este broto será flor
Persuasiva,
Surgida na intenção de engendrar
Metáfora viva.
Ah, essa flor fenecerá
Como todas as rosas surpreendentes
Da vida.
Mas são também dádivas estranhas
De que é possível se impregnar.
Não tomes esta flor metafórica
Por decorativa,
Urge despetalá-la, esmagá-la nas palmas
Abrasivas,
Pois não era da flor que eu quisera falar,
Mas do odor que ela deixa nas tuas mãos
Queridas.
LOGRO
Atraiçoou-me
A inspiração
Na qual mergulhara
Insone.
De volta à tona
Do dia,
Verídica não era
A rútila pérola:
Outro poema areado,
Mera pedra-pomes.
REVER DEVIR
O olhar trás.
O olhar leva.
O olhar vivo
Subleva
Em mim,
O ponto-de-vista
Triste do artista:
Tanto olhar
Treva
Só
Entrevendo fim.
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Serei Poeta?
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SENSACIONAIS!
ResponderExcluirTrês poemas geniais. O último, então... REVER e DEVIR é algo extraordinário!
Beijos, poeta!
Mirze
O vídeo Marco! Que coisa mais linda! Principalmente a força com que ele se ampara nas mãos da criança. Super humano.
ResponderExcluirBeijos
Mirze
Poeta bom é assim: não tem palavra que não toque a alma! Gostei de todos, mas o CONTEXTO é sensacional! Parabéns!
ResponderExcluirMaravilhoso fechar de cortinas de Agosto... que Setembro venha brilhante!
ResponderExcluirBeijinho com admiração!
o fim das pétalas, das pedras, início da sequência... do olhar!
ResponderExcluirabraço poeta!
Caro Marcantônio,
ResponderExcluirVim retribuir a visita a meu blogue "Literatura em Vida 2" e encontrei um espaço de quem ama a arte de uma forma geral. "Ladrões de bicicleta" é um dos filmes de que mais gosto. Tenho cópia que comprei aqui em casa.
Convido-o a voltar a meu blogue, você que é poeta, para apreciar os poemas que postei de um poeta chamado Luiz Gonzaga da Silva. É matéria boa e imperdível. O Gonzaga do nome dele não desmente a tradição artística que carrega.
Eliane F.C.Lima
Que sina essa, de arear o poema.
ResponderExcluirCaro Marcantônio! Passo por aqui sem a mínima pretensão de comentar o teor de sua tríade de poesias, e sim, somente para dizer que são belíssimos. Encantei-me, sobretudo, com o primeiro! Parabéns!
ResponderExcluirLindas poesias ...
ResponderExcluirO vídeo é um clássico italiano.
E existe alguém que não gostou do 'REVER DEVIR'?
ResponderExcluirTrês belos poemas para exorcizar agosto.
ResponderExcluirO trecho de "Ladrões de bicicleta" é fabuloso.
Postagem completa, meu caro.
Cada poema guarda muita beleza. Mas devo confessar, assim sem alarde, que meu predileto é o primeiro.
ResponderExcluirBeijo.