Meu amor,
Deixo aqui um grande fardo,
Depois em silêncio aguardarei.
É tudo tão simples
E nos enganavam:
Nunca se tratou da botânica,
Mas da flor particular
Que contivesse um universo
Sem esperas.
Não era a arquitetura,
Mas a casa,
Qualquer casa arejada.
Jamais foi a lingüística
Ou a gramática,
Mas a palavra,
Célula da carne dos anjos
Que nada nomeava.
E nada fora arte,
Senão as linhas
Das palmas de nossas mãos
Que não são cartas náuticas.
REVENDO
À vezes a palavra
É marca d’água
Nas fibras do papel,
Faz-se ruga úmida
No deserto sem cor.
Se a mesma palavra
Escrita for falada,
Será como peixe
Que salta na água
Das mãos do pescador.
Mesmo que renove
O anzol e a isca,
Não sabe à risca,
Se pescará a arisca
Que antes lhe escapou.
Belíssimos...
ResponderExcluirBjos!
Marquinho,
ResponderExcluirÉ fatal a arte.manha da tua escrita. Dela, nem coração nem olhos escapam.
Lendo teu Diário descubro os segredos escondo em mim.
beijinhos...
Genial Marco, a história da linha das mãos, o peixe que se perde, a isca e o anzol. genial!
ResponderExcluirbjs
cartas náuticas, marcas d'água, de uma ou outra maneira as incrições estão em busca de códigos de leitura,
ResponderExcluirabraço
Interessantes colocações das palavras, estas que nos escapam às vezes, mas não nos abandonam.
ResponderExcluirBeijo.
e estamos sempre pescando
ResponderExcluircom os olhos distantes
dentro d'água
...
forte abraço,
camarada.
Revendo...maravilha de poema! Ambos chegados na hora certa, como sempre chegam, e dizem do que eu não soube dizer, mas me cabem tão bem, impressionante!
ResponderExcluirabraço, Marquinho!
Dois poemas em hora mais do que certa, meu caro, com direito a quiromancias que norteiam, e ótimas palavras salteiras. Forte abraço.
ResponderExcluirah Marco!
ResponderExcluirNão posso negar que tenho meus arrombos de 'poesia panfletária', mas no íntimo não me engano, a poesia é totalmente inútil. E é por ser inútil mesmo que serve a nós, preenche o que há de humano em nós.
Espero ansioso por uma publicação sua em livro meu camarada.
Um abraço!
as palavras estão aí fora das horas que nos entram filtradas. palavras são peixes pescados a mão.
ResponderExcluirEncantada...
ResponderExcluirSoa o verso como canção... Canção de amor..
POETÍSSIMO!
ResponderExcluirPoemas na hora exata, para que percebamos a pele, a alma e a linha da sua escrita fantástica.
Como no vídeo, o cuidado com a chama, a palavra, a ânima!
EXCELENTE!
Beijos, poeta!
Mirze
"Mesmo que renove
ResponderExcluirO anzol e a isca,
Não sabe à risca,
Se pescará a arisca
Que antes lhe escapou."
Que versos ótimos, camarada!
Por isso, há vezes que devemos pescar poesia com redes de arrasto!
um grande abraço!
Apenas palavras,
ResponderExcluirnenhuma certeza
mas se traduzida
em gestos, fala...
fica gravada
mas nenhum apego,
ainda não garante nada
Abraço!
Marlene
PS: nostalgia! dei o filme de presente para um grande amigo, professor de filosofia da UFF. puxa, que filmaço!
ResponderExcluiros versos, sinceramente, belos de uma forma que assusta, pois sempre são bons e tão cheios de imagens fantásticas...
por exemplo:
E nada fora arte,
Senão as linhas
Das palmas de nossas mãos
Que não são cartas náuticas.
cartas náuticas nas linhas da mão? marco! como faço para esquecer tal imagem e não roubá-la sem querer em verso futuro?
as vezes eu não gosto de ler poetas.
um beijo.