SAUDADE
Dias alquebrados,
Céus comprimidos,
Noite engavetada,
Estrelas prepotentes,
Sono preterido.
Chuva sem som,
Abismos os braços,
Escadas estáticas,
Janelas asmáticas,
Ar sem espaço.
Espelhos visitados,
Relógio crescente,
Parcelas, subtrações,
Artéria convulsiva,
Fome inconsciente.
Cisternas ao relento,
Sombras no assoalho,
Outras fotografias,
Cascas de poesia
Que recolho espalho.
Propagar-me em vão,
Queimar sem luz,
Transpor portais
Com ânsias postais
Carregando a cruz.
Vírgula, dois pontos,
Eqüidistância clara,
Formas inalteráveis,
Frases inabitáveis
Na boca que calara.
PONTO-PARÁGRAFO
Meus lábios atrevidos,
Na tua boca entreaberta,
Concluirão previdentes
Com beijos emudecidos,
A tua fala incompleta.
MY FAIR LADY
Meu beijo
Um sopro,
E o teu peito ofega,
Galathea que dormia
Na pedra.
ANTES DE EXISTIR
É impossível dizer positivamente
o que quero
Desde que não posso retornar
Ao nada,
Ao nulo,
Ao marco zero.
Cena do filme "A Cor da Romã" (1968) de Sergei Paradjanov
quinta-feira, 19 de maio de 2011
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obrigado, meu camarada,
ResponderExcluirpela magia que sopras
e ainda nos trazes
o pequeno monge
a cuidar dos livros
não dos queijos
...
forte abraço.
rapaz, gostei do marco zero. Dessa principietude (isso existe) plena de amanhecimentos,
ResponderExcluirgrande abraço
Tanta boa poesia em um só post. Galathea na pedra, o marco zero. Saborosa a leitura deste seu diário!
ResponderExcluirnão sei o que será pior, se a saudade, se a presença; se a noite, se o dia.
ResponderExcluirBeijo
Laura
Marcantonio, você anda escrevendo tão tão bem que chega a ser uma maldade! :)
ResponderExcluirbeijo
putz Marco,
ResponderExcluirmuito bons os poemas, o trecho do filme também. Ótimo para quem lê e não ouve!
um abraço!
Tudo muito lindo...agora...o ponto-parágrafo é de deixar a boca entreaberta mesmo rs.
ResponderExcluirNa sua métrica de ritmo perfeito me al(l)quebrei.
ResponderExcluirÓtimos poemas, Marco!
Corpos e palavras a se misturarem. Sempre de parabéns, Marcantonio. Antes de existir e Saudade me cativaram bastante. Abraços!
ResponderExcluirPoetíssimo!
ResponderExcluirExcelentes poemas, onde "SAUDADE", me ligou ao "MARCO ZERO", ou seja, se você como poeta não existisse, seria essa a saudade da boa poesia.
PARABÉNS!
Beijos
Mirze
saudosa estou daqui.
ResponderExcluirMeu carinho, Marco.
teus versos são ondas de mar que me quebram e me refazem sempre.
Beijos