QUATRO POEMAS DE DALVA M. FERREIRA
Eu hoje estou assim:
bem pessimista,
bem realista,
bem consciente da minha circunferência.
Mas eu não era assim:
eu tinha sonhos,
tinha desejos,
vivia muito mais além das circunstâncias.
Só sei que, de repente,
(tão de repente)
algo quebrou,
algo deixou de ter, em mim, correspondência.
Um porão,
quarto escuro, sem porta ou janela.
E, mesmo havendo,
não tendo a vontade de olhar...
Quem és tu?
Quem tu és? Donde vens?
O paredão
que bloqueia e impede o meu vôo.
A mão pesada
e cinzenta que fecha o imenso cadeado.
Os fantasmas
porém, de outra vida deveras mais viva.
A memória
adorada e fugaz dumas coisas imensas.
Ferroada
doída e constante das coisas pequenas.
O relógio da sala parou,
certa noite:
era tarde,
chovia e fazia frio.
Sobre a mesa, as migalhas do pão,
umas sobras,
as frutas
e as taças de vinho vazias.
Desde então,
além disso,
e daquilo,
deixo sempre uma lâmpada acesa.
Vai daí que você pense bem,
tenha fome,
ou sede,
vai daí que acaso me queira...
Existem aqueles minutos,
bem poucos,
tão poucos,
em que eu me lembro de mim.
Feliz, como eu era antes:
criança,
e tão simples,
correndo descalça na estrada.
Atrás de uma borboleta
estampada,
amarela
ou branquinha.
Mas isso era antes de agora,
do tempo,
da idade,
e de todas aquelas mentiras.
Mais de Dalva em: POESIAS SOLTAS
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POEMAS DE PAULA ZIEGLER
Olhei pela janela
e finalmente eu vi
o capim minha alma e todos os tons
drenadas as lágrimas
no rosto-aço surge o vidro
espelho o mundo
Holder-lune
nada me acontece
disse o poeta
só poesia
no sonho
no silêncio
no não
que nunca me encontrem
que nunca me tirem
o meu carnaval
escuto silêncio
porta para o paraíso
música muito minha
som-pausa
silêncio
somente
ela bela letra
no silêncio
pulula pura e só som
lágrima-luxo estrela
universo
humanimado
Extraídos do livro LETRA-ESTRELA
sábado, 6 de fevereiro de 2010
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Quem disse que eu não tenho vaidade?! Retire o que disse... Obrigada pelo balde de chá, Marcantonio.
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