Trato as palavras
Como figuras de terracota:
Escovo seus óxidos porosos
E tão ancestrais.
Mas, imprudente,
Acabo por parti-las em pedaços.
Há um silêncio onívoro
Que também a mim quer engolir.
Tento escapar de sua gula ampla,
De seu hálito enjoado,
Cheirando a vazios definitivos...
Mas eu sei, eu realmente sei
Que nada faço senão caminhar
Em suas entranhas secas
Seus deambulatórios enormes
De catedral sem clerestório.
Mas se eu puder, se eu puder
Serei indigesto ao silêncio faminto!
Serei como pedras ácidas
No estômago pesado de Crônos,
Gritarei a plenos pulmões: dane-se!
A CIDADE
A cidade em mim tem outra história:
Planisfério de ritos e gestos,
Rosário insular de ilusões, afetos
Que se reestruturam na memória.
Pouco sei de mim sem tal cidade,
Se me percorri em seus trajetos
Que, inconclusos, parecem completos
Na sua ambígua pluralidade.
Linhas quebradas, curvas, aspirais.
Ir, vir, parar nas esquinas casuais
Por onde corre a vida dissolvente.
Nessa alma coletiva, continente,
Cidade que sem fronteira flutua,
Sonora, caótica, ávida e nua.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
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Olá!!
ResponderExcluirEstou gostando muito dos poemas..tenho visitado pouco seu cantinho, mas logo logo voltarei às atividades!!
Beijos