TUDO
Caminho na noite
entrante.
O coração embrenhado
projetando
aléias virgens
em terrenos blindados.
Reflito sobre nós,
e o mundo não é mais
do que um fóton
a fugir dos nossos
sonhos:
um fato
não documentado,
uma aporia,
uma palavra sozinha,
um mito pensado.
Ah,
tudo somos nós,
e, um segundo após,
nada mais seria
fossem nossos olhos
alvejados!
SEM DIDÁTICA
Siga em frente.
Nada tenho a ensinar,
senão que a vida é breve
e a arte... Luar.
EMERGÊNCIA CONTÍNUA
Aguardamos o ressuscitamento
por uma ação entre bocas:
palavrear que movimente os pulmões.
RIO-LAGO
Lápis fluvial:
que rios teço?
Que afluentes
sinuosos
nele emendo?
Da borda da folha
o grafite desvia
e retorna:
Faço um lago
espesso.
Monotipia s/ Título - Marcantonio
Outras imagens minhas em Cadernos de Arte
domingo, 29 de agosto de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Sabia que tinhas um lápis assim para nos fazer navegar por aqui, tecer milagres, andar sobre águas.
ResponderExcluirBeijos!
Insones...
ResponderExcluirSetembro começará bem depois dos Poemas do Final de Agosto!
Marcantonio!
ResponderExcluirOs poemas se entrelaçam e se abraçam em uníssono, como se fosse mesmo um final, no caso de Agosto.
A palavra - o poeta, numa dimensão gigante ensina o caminho.
Parabéns!
Um forte abraço!
Mirze
Que coisa mais bonita! Um fóton ou um fato: tanto faz.
ResponderExcluirE penso e temo e lamento, que quanto mais sedentos - os Homens, os Nós, os Eus - mais blindados e incomunicáveis estejamos.
ResponderExcluirA boa notícia é que talvez, mas só talvez, na urgência e emergência de aridez desse agosto, sementes de poesia e TUDO que é poesia em si, tenham sido espalhadas pelo ar...
E ressuscitado, o amor que agoniza, VIVA e nos aproxime e humanize.
Ou quem sabe um dia, futuros amantes as encontre.
Caramba, Marco, que coisa mais linda!
Um bloco imantado em urgência e emergência de poesia e amor.
abraço imenso, boa semana!
Belíssima arte em pa.lavras e veios de rios escavados no papel... ;)
ResponderExcluirmarcantonio,
ResponderExcluirEm primeiro lugar eu gostaria de saber se me autoriza publicar o belíssimo “Tudo” em um site de poesia que mantenho (para o caso de o poema me emocionar até o ponto de eu sentir que preciso lê-lo quando eu quiser.). O site é livre de pretensões, coloco apenas os poetas que leio aqui na net, chama-se “Redoma” e eu publico separando-os em etiquetas que me parecem pertinentes aos possíveis leitores. Geralmente eu coloco uma fotografia escolhida por mim para acompanhar o poema, mas acho que por se tratar de um poeta que também tem o domínio do visual, seria interessante que fosse uma obra plástica sua na ilustração (ou não,você decide). As publicações são acompanhadas de links para a obra do poeta e todas as referências que possam remeter quem leia até o espaço do autor. Antes de autorizar ou não, por favor, dê uma olhada no lugar e veja se posso roubá-lo para lá. o endereço é http://redoma.weebly.com/index.html
“Sem didática” é puro ensinamento! Arte luar, arte inspiração, arte fases, arte maré, arte gestação... Nossa, são tantas as ideias que conseguiu expor ao ligar o conceito de Arte ao comportamento lunar! Muito sensível. O poema se tornou maior em compreensão sem precisar de muitas palavras. É uma carpintaria muito bem feita.
“Emergência Contínua”
Gostei demais! Li-o com todas as conotações sensuais. Ótimo resultado estético, inclusive.
“Rio-Lago”
Uma sensível descrição do momento de criação plástica. Aqui você conseguiu juntar as duas artes que pratica, uma na descrição do momento (pintura, desenho) e a outra na forma como o descreveu (verso, poema).
Belo trabalho!
Abraços!
PS: voltarei para ler o post anterior, o tempo tem sido curto, mas continuo acompanhando, mesmo quando não deixo comentário.
Não sou poetiza, não conheço técnicas, tendências, ou métricas, mas entendo que vc fala à sensibilidade e à emoção com intensidade. Comigo falou e emocionou.
ResponderExcluirBeijos e uma semana criativa.
Siga em frente.
ResponderExcluirNada tenho a ensinar,
senão que a vida é breve
e a arte... Luar.
Marquinho, o interessante é que você vai nos ensinando muito e muito com cada verso seu. Hoje (e agora) eu me encontro com a beleza clara, luminosa, dos versos acima. Singelamente profundo. São muitas as faces poéticas do Marcantonio. Gosto também dessa.
Abraços,
eternidade em contemplação
ResponderExcluire lápis mágico
tudo nos oferta isto:
Poesia.
forte abraço.
Adorei adorei! Primeiro reflexivo, sem didática - aquela de "aprender sempre a aprender mais com a vida" - maravilhoso! o teu lago transborda poesia e os peixes versos de alquimia!
ResponderExcluirBeijos
Linda a pergunta para o teu lápis fluvial...genial, Marcantonio!!! Poemas sempre lindos por aqui...bjo!
ResponderExcluirmarcantónio,
ResponderExcluirpoemas de ocaso e fecho de estação, anunciando a morte das certezas e as falácias da didáctica. numa e noutra, apenas me revejo na face oculta de cada conceito: as certezas provêm da indagação contínua e persistente; a didáctica funda-se na aprendizagem para se saber ensinar.
há instantes, no viagens, falavas da síntese dos sons, das formas, dos conceitos... falavas de ti e da tua poesia, mago do verbo!
um forte abraço!
Ah,
ResponderExcluirtudo somos nós,
e, um segundo após,
nada mais seria
fossem nossos olhos
alvejados!
Isso foi lindo demais, mas eu também adorei o ressuscitamento!!! Marco marco, coisa boa é ter você por perto, marcando a vida nossa com essa poesia tão fluida, tão refrescante.
Beijo sempre carinhoso. =*
Eu sabia que tinha esquecido alguma coisa. Fiquei com a pulga atrás da orelha. Não preenchi pela milésima vez a tal janelinha e o meu comentário, puf, diluiu-se no ar. Assim fica difícil. Ou eu domo essa coisa ou ela vai acabar comigo!
ResponderExcluirO poeta tece rios, lagos, noites, luares, pulmões, palavras, tudo.
ResponderExcluirPoemas-síntese com vontade de explodir.
Muito bem.
Abraços.
Marcantonio,
ResponderExcluirEu que nasci em setembro, agora não posso mais seguir em frente sem mirar pra trás...
Abraço contínuo,
Pedro Ramúcio.
Quando entrar setembro, lerei ainda e uma vez mais os teus poemas do final de agosto.
ResponderExcluirO que é bom deve ser repetido.
Abração, poeta.
Uma beleza, viu Marcantonio, uma beleza!
ResponderExcluirNem sei de que poema gosto mais. Navego nesse rio, nesse lago, levando Tudo, luar e pulmões.
ResponderExcluirAbraço.
prum final de agosto, mês aziago como rezam as lendas sertanejas, o tecido fino flui em nós e laços. nesse tudo quase abstrato, ternamente impalpavel, mas concretamente perceptível. Sobre o mistério das ignoranças, todo desconhecimento é saudável, alivia as dores, cura o reumatismo da alma. Ah sim, espesso é horizonte no dorso de uma estrela repentina.
ResponderExcluirabração
Vim pra te dizer que me divirto com teus comentários em blogs de amigos. Cada um deles vale um post!
ResponderExcluirBeijos.
Evoé!
ResponderExcluirTua lira incomedida, é feita na medida certa...
Beijo, poeta com p maiúsculo.
Cara, tinha que ser você me visitando pra atiçar novamente a vontade de ler essa enchente que em borbotões brota do teu juízo. Rapaz, não é análise literária, nem gentileza devolvida, nem puxação de saco, velho, mas teus poemas estão cada vez mais chegados pra navalha afiada. Maravilhosamente afiada! Maravilha!
ResponderExcluirQuero um afluente desse rio para trazer frutos na terra árida de minhas folhas.
ResponderExcluirExímio tecelão é você, meu querido Marcantonio!
ResponderExcluirIncrível a trama, a urdidura dos teus versos...
Lindo demais!
Abraço apertado!!!
E assim, agosto findou com fecho de ouro, Marco!
ResponderExcluirSigamos em frente, que a primavera se aproxima, e os lagos se espessam, e os rios correm mais faceiros.
Gostei demais dos poemas. E esse Tudo é tudo...
um beijo
"Nada tenho a ensinar,
ResponderExcluirsenão que a vida é breve
e a arte... Luar."
assim ganha vida a madrugada,
e você pinta quadros bonitos...
abraços,
do menino-homem
fique com Deus!
voltarei...
Mergulhei em teu "lago espesso", mas perdí-me
ResponderExcluirpq o meu grafite não tem lastro para emergir
com palavras, por mais braçadas que dê. Meu fôlego é tão curto para tanta poesia!!!
Bjs
Lindas as suas inspirações
ResponderExcluirao final de agosto.
Gostei, particularmente, da última!
Não é que também
vem me rondando
a ideia de escrever
sobre o grafite? : )
Beijo,
Doce de Lira
que as água do lago não se tornem gélidas
ResponderExcluirse me permites, eu acresecento um "t" na tua Didática, LUtAR!
Beijos
Laura
Marco, lindos seus poemas de final de agosto. Tocou-me especialmente "Emergência Contínua"
ResponderExcluirO trabalho em monotipia compondo belamente.
Um beijo, poeta, e inté!
queria que um espaço em branco significasse algo, aqui, nesse espaço de cometar. ficou pra mim esse infinito, essa possibilidade de ser tudo e tanto, e nada, ao mesmo tempo.
ResponderExcluirGostei muito de tudo, e ainda prefiria deixar em branco, esse traço...
Vc parte da crueza à singeleza sem escalas. E conflui muito bem as duas! E se a arte é luar, um bom alumbramento nos dão os seus versos.
ResponderExcluirAbraços!