Sempre considerei que no fundo os sujeitos são relativamente impermeáveis. Estamos integrados de maneira orgânica ao ambiente natural, porém, mentalmente distanciados dele, da mesma forma que uma câmera está distante de seu objeto. Registramos,para posteriormente interpretar, editar, criar narrativas. Nossos instrumentos sensórios e cognitivos, tudo o que denominamos como linguagem, essa mediação objetiva entre os indivíduos, não nos habilita a saber o que de fato o outro é em sua total extensão, pois só lidamos com segmentos intervalados desse outro. Não é possível extrair do outro sua verdade, porque é provável que, como eu, ele não a conheça como verdade de si mesmo.Resta-nos, então, ordenar uma visão do outro a partir de evidências parciais e mediações sociais; preenchemos os espaços vazios dessa ordenação com elementos que respondem aos nossos medos e expectativas. A cultura é o terreno comum onde se depositam os produtos objetivos dessa intersubjetividade falha e parcial; dela toda subjetividade está ausente, mas é também dela que retiramos modelos e formatos que aplicamos na construção do outro e de nós mesmos.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
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