1- SE É OUTONO
Lâmina vegetal,
Vibrátil,
Viva folha.
Despenca
Solitária
Sendo, já,
Outra coisa.
2- INVENTÁRIO
São numerosas as palavras ilhadas
Por mares mortos.
E infindas as palavras dúbias,
Frágeis insetos coletados
Por entomólogos cuidadosos.
Quantas palavras são solventes
Para lavar conceitos adiposos!
Inúmeras palavras-peixes:
Solidárias ao trajeto do cardume.
Ai, ai! Muitas palavras soterradas
Vivas
Sob a pirâmide dos costumes.
3- A MESMA LUZ
Esse mar é o mesmo
Em toda parte,
Afora o seu verde
Instável e pálido.
Esse sol é o mesmo
Que noutra parte
Decompõe a noite,
Tirante o maior ardor
Do seu louro pálio.
E quando esse sol
Absoluto verte
Sua nata prateada
Sobre esse mar
Que a inflecte,
Tal beleza maior não é
Do que a da espiral de luz
Dentro da xícara de café.
4-
Sobre o papel,
Breve feição,
Qualquer traço
É sempre o epitáfio
De uma intenção.
Monotipia s/ Título - Marcantonio
segunda-feira, 5 de abril de 2010
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Incríveis: ritmo, metáforas, imagens, sensibilidade.
ResponderExcluirIncríveis tuas letras, Marcantonio!
Beijomeupravocê
Ô Sylvia, muito obrigado.
ResponderExcluirUm abraço.
Obrigado pela visita. O Ramon é um novo-velho-grande-amigo, além de conterrâneo e parceiro em projetos e sonhos. Vamos em frente, invista na descoberta de Alberto da Cunha Melo, vc só terá a ganhar.
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