Como ter a disponibilidade criativa e lúdica de um anônimo construtor de castelos de cartas que se submete apenas às injunções do próprio medo (sagrado medo!) de que eles desabem diante dos seus próprios olhos?

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Viver em Prosa

Talvez eu conceba a minha vida como uma narrativa, dessas carregadas de detalhes irrelevantes e descrições obsessivas e desnecessárias. De tal modo me impaciento com a passagem natural dos dias e suas incontornáveis 24 horas, que gostaria de poder suprimir os circunlóquios, as tramas secundárias costuradas pelos minutos e os  intermináveis diálogos dos personagens coadjuvantes.

É insuportável viver assim, almejando pular capítulos. Pudesse dar aos meus dias as feições circunstanciais dos poemas, autônomos, bastantes a si mesmos! Abandonar a lógica conectiva da prosa que pressupõe culminâncias e desfechos! Mas é impossível. Os dias são tão solidários em causalidades e consequências...

Talvez a alternativa seja tentar a prosa-poética.  

5 comentários:

  1. Êita, meu caro! Viver em prosa e em meio ao prosaico da vida é um nó a ser sempre desatado. Ou não! Que de poético, verdadeiramente, só quando se vai buscar mesmo no âmago do mínimo dos mínimos detalhes das vivências e experiências. A gargalhada ingênua de uma criança ante uma cena de desenho animado... Meu Vinícius me ensina quase todos os dias. Ainda chego lá! Belos textos. Se isso não for poesia grande... o que é? Gostei à beça!

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  2. É, Dalva, voar: um pouco Ícaro, um pouco Dedalus.
    Obrigado. Um abraço.

    Obrigado, Rangel. De fato, para um viver poético só mesmo a partir das pequenas e inesperadas coisas. Façamos delas mosaicos pessoais. Um abraço.

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  3. Brotou um sorriso aqui.
    Boa solução a sua. Cheguei à mesma conclusão. E te digo: tenta que dá pé. rs

    Beijo!

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