Como ter a disponibilidade criativa e lúdica de um anônimo construtor de castelos de cartas que se submete apenas às injunções do próprio medo (sagrado medo!) de que eles desabem diante dos seus próprios olhos?

domingo, 23 de maio de 2010

Torre, Entretanto, Pó



DESTA TORRE

Do alto desta torre-esconderijo,
ou desta torre de observação
ou desta torre de comunicação
(ermida de onde aceno)
o mundo é mesmo bonito,
mas parece tão pequeno
                    tão pequeno
                                   o


ENTRETANTO


Não sei se pego da caneta
ou se recorro ao pincel.

Não sei se me lanço à tela
ou se me entranho no papel.

Entretanto,
esse diurno céu.


DO PÓ AO PÓ


Por que falo, de sol
a sol,
tão solenemente,
se fui feito de pó
levantado,
mas (de)poente?


















Monotipia s/ título - Marcantonio

Para ver outras imagens minhas: Cadernos de Arte
                                

11 comentários:

  1. Marquinho, fosse eu você e ficaria também em dúvida sobre se pegava o pincel ou a caneta: o dom é duplo, olha aí, é só constatar. E é feito de de poente: adorei!
    Abraços,
    Tânia

    ResponderExcluir
  2. Torre: Acho que é assim que se sente um homem que alcança o topo de uma montanha, e provavelmente o próprio autor da façanha se sente minúsculo também.

    Entretanto: isso é quase a escolha de Sofia!!! =P

    Do pó ao pó: provavelmente porque você sabe que quando voltar ao pó, só vai poder dizer através do vento, estacionar sobre a sua varanda e os seus objetos e pessoas de afeto. E a sua mensagem nunca mais será compreendida como agora.

    Marco, beijoca! =*

    ResponderExcluir
  3. Gostei muito dos poemas. Que embate, papel ou pincel: use ambos.

    ResponderExcluir
  4. O dilema é bom, e o bom é continuar a desafiá-lo. Gostei da palavra ermida, guarda aconchego na sonoridade. Abração

    ResponderExcluir
  5. Tânia, obrigado. O dilema é mais conceitual sobre o que melhor expressa o momento. E entre as duas opções, há a vida lá fora, não para ser exprimida, mas vivida. Abraço


    Kenia, essa sua imagem do pó trazido à varanda pelo vento é muito bonita. E o mundo é realmente pequeno visto aqui do monitor. Beijo.

    Gerana, é bom vê-la aqui, e obrigado. Usarei os dois sim. E esse céu diurno lá fora...
    Abraço.

    Assis, pois é, o dilema é bom e eu aqui criando caso nesta ermida. Abração.

    ResponderExcluir
  6. Sei bem o que é esse dilema.Comigo é assim também. Gosto de tudo. E me jogo pra todo lado. Adorei sua arte.Quem sabe podemos trocar algumas idéias?
    Tânia me falou do seu Blog.
    Abraços

    ResponderExcluir
  7. Marcantonio
    Se tivesse de escolher uma , faria birra, bateria o pé e ficaria com as três pedras preciosas: Torre, Entretanto e Pó...
    Parabéns, amigo!
    Grande abraço

    ResponderExcluir
  8. Olá Marly. Obrigado. Claro que podemos trocar idéias, será um prazer.

    Abraços.

    ResponderExcluir
  9. Zélia, adorável o seu comentário. Obrigado, querida!

    Abraços.

    ResponderExcluir
  10. Marcoantonio vc é um artista! Não há jeito de não se encantar com seus versos, não a como não ir tão longe no pensamento... Incrivel!

    ResponderExcluir
  11. Ô Isabella, muito obrigado. Sou um artista em progresso. E, cá entre nós, creio que arte é um processo de auto-conhecimento. Tenho buscado notícias de mim mesmo através dos outros e dos outros através de mim mesmo. Poder provocar espanto e encantamento, nesse caminho algo doloroso, é muito reconfortante.

    Abraço.

    ResponderExcluir