Como ter a disponibilidade criativa e lúdica de um anônimo construtor de castelos de cartas que se submete apenas às injunções do próprio medo (sagrado medo!) de que eles desabem diante dos seus próprios olhos?

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Três Poemas



1- Dar as caras.

[ Aqui jaz o meu ressentimento ]

Enquanto fui
oferecer a outra face
ao vento.


2- Ilusão

Agrada-me imaginar,
no avesso do nada,
sensores a captar
o insone atrito
das palavras que alinho
aflito.


3- Em fuga

Se o poeta é neutro,
o poema é vário.

E como inventa,
fugitivo,
nas bordas do mapa,
outro itinerário!

12 comentários:

  1. Belos poemas, particularmente o 2º.
    Gostei da proposta e da discrição do Diário Extrovertido, voltarei para conferir!!
    Estou seguindo!

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  2. Excelente!! Sua habilidade de passar a mensagem em poucas palavras é sensacional!!

    Meu aplauso!

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  3. Marquinho, de algum modo o que lembro aqui é da autonomia do poema, que se autoescreve, enquanto pensamos nós que o escrevemos. Há um tempo, percebi como as palavras se escolhem, o caminho se faz sozinho...e nós, cedentes de mãos que somos, às vezes nos espantamos com a criação.
    Como sempre, delicioso ler seus versos!

    Abraços,
    Tânia

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  4. Bom demais que enterre o teu ressentimento. Ensina-me como?!

    Beijo carinhoso.

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  5. Tríade como uma sonata. Cada movimento se inaugura e celebra um instante. Em fuga faz final. Abraço

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  6. Pablo, obrigado. Mas nem sempre é assim. Deve ser algo intuitivo. Ou medo de perder o ponto certo. Já como artista plástico, digo que gosto da idéia de tentar fazer o máximo com o mínimo de meios, mas não sei se consigo.

    Abração.

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  7. Tânia, concordo com a sua percepção. Isso se dá em todo as formas de expressão, aliás, na própria vida, já que nem sempre parecemos os "donos" das nossas ações. Certas mudanças no processo de criação só podem ser explicadas pelo inconsciente. E o inconsciente para o sujeito é como se fosse um outro, né?

    Abraços.

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  8. Oi Kenia! Não vou poder ensinar porque, na verdade, ainda não aprendi. Ele está enterrado ali no poema, mas na vida o infeliz ressuscita várias vezes. Um zumbi esse ressentimento! Mas, é bom nós descobrirmos uma forma rápida de aniquilá-lo, pois, de outro, modo ele é que acaba nos enterrando.

    Beijo, querida.

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  9. Assis, aceito a bela analogia. Quem me dera fazer música...

    Grande abraço!

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  10. Marcantonio

    "Aqui jaz o meu ressentimento"...
    Epitáfio difícil de ser escrito , mas absolutamente necessário.
    Lindíssimos os três poemas! Que ninguém me peça pra escolher um deles... Fico com todos!
    Parabéns!
    Um abraço

    PS- Estou mais do que feliz porque me visitaste!
    Volta sempre...
    Outro abraço

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  11. Zélia, obrigado. Eu é que me senti feliz ao visitá-la. Foi uma leitura muito agradável e proveitosa. Volto sim.

    Um abraço.

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