Se a escrita não for essa pomba que parte,
garrafa alada de um náufrago
que se afoga na própria saliva,
para que escrever?
Feito um monge,
grafitando as paredes da cela,
para deixar pistas
de homicídios não cometidos?
Ou pior, pior, seria escrever
esse entulhar o chão ao meu redor
com bilhetes amarfanhados
de um suicida latente
como se fossem esses cravos de papel branco
os únicos resíduos de mim?
Não!
Escrever abrindo rosáceas altas
nas paredes com a espessura do medo
de viver,
para que uma luz insuspeita
vaze por elas
criando fímbrias de cores pagãs
na luz branca de todo dia.
Imagem retirada daqui.
domingo, 30 de maio de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
MarcAntonio: Gostaria de encontrar a garrafa desse naufrágio, e estar dentro encontrar bilhetes seus amarfalhados, na luz branca de todo dia! Vá meu lindo, continue a ancorar em Portos que te iluminem e nunca deixe de poetar, poesiar...
ResponderExcluircom amor e carinho,
Sílvia
Lá no meu blog há uma nova postagem a espera da tua leitura!
Ah, Marcantonio, tenho já o meu próximo post, que serão esses versos, com a sua permissão, evidentemente. Nossa, que imagem belíssima: garrafa alada de um náufrago....monge grafitando na cela...Seus versos trazem a beleza do inusitado, ler você é superhiper estimulante, mexe com coisas intocadas lá dentro da gente. "Escrever abrindo rosáceas altas" é qualquer coisa de assombrosamente linda!
ResponderExcluirEsse livro precisa existir e estou na frente da fila para adquirio-lo.
Nossa, obrigada, eu precisava ler esse invulgar, sempre, dos seus versos, e com beleza tamanha!
Abraços,
Tânia
P.S. Mais dois dias, e peço-lhe emprestado esses versos para um post. rs
Que imagens belíssimas esse poema cria. Marco!
ResponderExcluirGostei demais dessa pergunta:
Se a escrita não for essa pomba que parte,
garrafa alada de um náufrago
que se afoga na própria saliva,
para que escrever?
Não há finalidade na escrita que não seja a de libertação. Beijo sempre carinhoso. =*
PS.: Estou sem computador essa semana, então não estranhe se eu demorar pra vir aqui falar da beleza das suas linhas. É que estou lendo do trabalho. Beijoca!
"domingo, 30 de maio de 2010
ResponderExcluirRosáceas
Se a escrita não for essa pomba que parte,
garrafa alada de um náufrago
que se afoga na própria saliva,
para que escrever?
Feito um monge,
grafitando as paredes da cela,
para deixar pistas
de homicídios não cometidos?
Ou pior, pior, seria escrever
esse entulhar o chão ao meu redor
com bilhetes amarfanhados
de um suicida latente
" os versos que nos salva , também são os versos que nos tira da rotina ou nos afoga nela
"Paredes da expessura do medo de viver."
ResponderExcluirPerfeita construção acrescida pela belíssima mandala dos vitrais de Chartres.
abraços e boa semana
Canto alto, pairando acima do decorativo. abração
ResponderExcluirSilvia, obrigado pelo seu carinho. Eu vou passar lá, sim, para ser acarinhado novamente pela sua escrita. Um abraço.
ResponderExcluirTânia, claro que lhe empresto! Como eu lhe negaria, se isso só vai distinguir o poema? Abraços.
Kenia, obrigado. Sem dúvida que eu sentiria a sua falta aqui. Mas triste mesmo seria ver adiados os poemas do Poesia Torta. Mas pelo que vejo aqui na lista de blogs isso não vai acontecer. Ainda bem! Um beijo!
Ô Ediney, bom vê-lo novamente aqui. Rapaz, na rotina ou na falta dela, a vida nos subjuga. E o verso tenta refleti-la. Abração.
Oi Mai. Obrigado. Sim, essas paredes são espessas, mas permeáveis. Boa semana para você também!
Assis! A gente vai aprendendo um pouco nessa coisa de amar as palavras. Arrancando as etiquetas de umas coisas para colar em outras. Abração!
spamizade.... rs
ResponderExcluiró,
o kledir aderiu ao blogspot. depois cê passa lá pra "desopilar".
é satisfação garantida ou o seu dinheiro de volta...
http://blogkledirhome.blogspot.com/
beijão do
roberto.
que bonito, marcantonio...
ResponderExcluiralias, bonita tambem é a sua outra arte. estive ontem no seu outro blog e gostei, de imenso.
precisamos divulgar pro mundo!
beijão do
roberto.
Escrevi um comentário que se perdeu :(
ResponderExcluirMarcantonio, essa poesia nos passa belas imagens, fiquei encantada com os últimos versos: "Escrever abrindo rosáceas altas
ResponderExcluirnas paredes com a espessura do medo
de viver,
para que uma luz insuspeita
vaze por elas
criando fímbrias de cores pagãs
na luz branca de todo dia."
Isto é sem dúvida demonstração de talento!
Tenha um ótima semana :)
Beijos.
Ô Roberto, obrigado quatro vezes: pelo comentário sobre os meus trabalhos, pela dica sobre o Kledir
ResponderExcluir(claro que vou lá ver!)e por aquela crônica tão bela sobre a D. Glória que me tocou fundo.
Beijão.
Bípede, poxa... Mas não tem problema não. Promete que volta? :)
ResponderExcluirAbraço.
Isabella, obrigado. Tô devendo uma visita ao Poesia para Poetas, mas já já chego lá. Uma boa semana pra você também!
ResponderExcluirBeijo.
Marco, ontem quando li esse poema, resolvi que não comentaria, porque o meu calar diante dele significava algo maior do que palavras...
ResponderExcluirmas a imagem da
"garrafa alada de um náufrago
que se afoga na própria saliva"
povoou minha mente, e
"Escrever abrindo rosáceas altas
nas paredes com a espessura do medo
de viver,
para que uma luz insuspeita
vaze por elas"
tatuou-se em algum canto da minha alma, que voltei para reler e cá estou, a dizer-te: este teu poema me marcou.
um beijo pra ti
Ô Andrea, obrigado. Essa reverberação que o poema provoca no outro nos reconforta , não é? Dá a ele um sentido essencial talvez impressentido por nós mesmos quando o escrevemos.
ResponderExcluirUm beijo.