segunda-feira, 10 de maio de 2010
Mais Três Poemas
FALAR OU CALAR
O que o poeta fala
é um prato só
que se divide
entre muitas fomes.
O que o poeta cala
é a sede vasta
que desidrata,
é o pão do avesso
que ele próprio come.
LOCALIZAÇÃO
O poema pode estar
próximo ao chão,
planta enviesada
que o vento não inclina
nem a luz inflama.
Ou pode estar trepado
no topo de um arranha-céu,
qual King-Kong imortal,
como um macaco amoral
a fazer caretas
para a hipocrisia humana.
ADÁGIO
Um poema
que, sendo transe,
é também hábito,
Salvaguardado
o lema
de que o hábito sozinho
não faz o poema.
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Serei Poeta?
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O que o poeta fala é um pranto desidratado, nada cala na falta. Adágio: na sinfonia é o terceiro movimento. Abraço
ResponderExcluirFalar ou calar...
ResponderExcluirFiquei pensando aqui nesse "impossível", que chega às pontas dos dedos, da caneta...transforma-se em versos (tantas vezes lindos, profundos, transformadores, arrebatadores para quem os lê...e que é, para o poeta, muitas vezes (os versos) a ponta de um iceberg enorme, que jaz oculto, internalizado, silencioso, intraduzível. Penso de repente: o melhor e maior que podemos oferecer ao aoutro pode ser a nossa metade apenas. Mas uma metade que fica inteira quando se torna um poema.
"Vasta sede que desidrata". Aqui pensando...
Abraços,
Tânia
Grande Marcantonio! três poemas diversificados que demosntram sua habilidade de poetar sobre seu mundo! Muito talentoso!
ResponderExcluirMeu aplauso!
Marcantonio
ResponderExcluirO dia nem amanheceu e eu aqui, em reflexão, com seus três lindos poemas...
Você tem o seu abracadabra: faz magia com palavras.
Parabéns!
Um grande abraço
Trilogia perfeita.
ResponderExcluirabraço
Assis! Rapaz, esse "pranto desidratado" é muito bom.
ResponderExcluirAbraços.
Tânia, você definiu muito bem. Pelo menos eu também gosto de pensar assim. Uma metade, senão uma parte, que se torna inteira e autônoma. Aliás, é toda a questão do poema TRADUZIR-SE que você colocou no seu perfil, não é? Será arte?
ResponderExcluirAbraço.
Ô Pablo, muito obrigado, mesmo.
ResponderExcluirAbração.
Um poeta paira, imerso ou não, entre as raízes da terra que arde ou no sopro sensível da vida que concebe a plenitude do voo...
ResponderExcluirAbraço!
Zélia, o que me tranquiliza é que essa magia não tem contra-indicações. Faço-me, então, aprendiz de feiticeiro só em ensaios benignos.
ResponderExcluirObrigado Zélia.
Abraço.
Mai, que bom vê-la aqui novamente!
ResponderExcluirAcho que são os seus olhos, ou deve ter sido sorte minha.
Um abraço carinhoso,Mai.
Cristiano, obrigado pelo poético comentário. Eu pairo, meio aluado, na tentativa de criar algumas raízes poéticas. Frágeis raízes.
ResponderExcluirAbração.
Meus parabéns, amigo.
ResponderExcluirTu tens realmente aquela veia poética que hoje falta à muitos por esta blogosfera imensa.
Parabéns pela habilidade e o jogo de palavras. Dão todo um ritmo à vossos versos.
Como já por aqui disseram: perfeita trilogia!
Mas confesso que o meu preferido foi o "Adágio".
"...Salvaguardado
o lema
de que o hábito sozinho
não faz o poema."
Ótima postagem.
Até mais ver.
João, obrigado uma vez mais. Rapaz, mas tem muita coisa boa por aí. Muita veia poética aberta.
ResponderExcluirAbraço.