Se você encontrar lírios
em beiras de estradas
não venha me contar
(ainda que saibamos
que nem mesmo Salomão,
em toda a sua glória,
jamais se vestiu como um deles).
Mas, se você vir
aquela tal pedra
no meio do seu caminho,
mande-me notícias solidárias.
Van Gogh, Lírios de Saint-Rémy (1889)
terça-feira, 1 de junho de 2010
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Que lindo! Depois de um dia difícil, abri um sorriso :)
ResponderExcluirÔ Bípede, que bom poder proporcionar isso, então.
ResponderExcluirAbraço.
Líricos lírios e épicas pedras? Nunca senti isso antes ao ler seus poemas; mas esse poderia se transformar numa também bela prosa.
ResponderExcluirÉ que o vi estendido em prosa, não sei bem por que.
Você deve escrever bem prosa poética.
Aliás, gostei muito do poema.
Beijos,
TÂnia
Rapaiz!
ResponderExcluirTu bebe na fonte mesmo, hein? Voismicê num avalia o tanto que eu fico feliz de ver gente reconhecendo coisa boa como o quinteto!
Enfim, as pedras falam e mandam notícias!
Abração!
Marco, fiquei pensando na beleza sublime e efêmera dos lírios (minha flor favorita) e na concretude duradoura da pedra...
ResponderExcluirdesculpe-me, amigo, mas se for eu a andar por esta estrada, bem provável que me perca de encantos pelos lírios bem vestidos e esqueça de pisar o chão, com suas pedras de ilusão...
adorei o poema,
um beijinho pra ti
Tânia, talvez seja porque ele é direto, sem metáforas (as metáforas aqui são citações). É mesmo prosa ordenada em versos. É anti-lírico de propósito. Só pra propor uma reflexão. Será que dá? Mas depois eu me redimi, colocando o lirismo
ResponderExcluiressencial do Van Gogh!
Beijo.
Amo qualquer coisa do Van Gogh, e esse poema por ser inspirado em um de seus quadros é tudo de bom. beijos.
ResponderExcluirFouad, eu gosto de pintar ouvindo música. Houve uma semana em cujas tardes eu trabalhei tocando direto o Quinteto. Já tava com medo dos vizinhos protestarem, por falta de sensiblidade, é claro. Intimamente eu tinha aquele orgulho de estar mostrando algo especial para eles. Para mim soa muito moderno, por contraditório que pareça. Quem analisa superficialmente o movimento armorial pode até achar que há algo de reacionário ali. Bobagem. Não era uma coisa livresca. Tenho o maior respeito pelo Ariano Suassuna. No mais, se eu acreditasse em reencarnação, poderia recorrer às vidas passadas para explicar o amor que tenho pela coisas do Nordeste. Rs.
ResponderExcluirAbraço!
Andrea, então não venha me contar! Rs. Brincadeira. Na verdade, eu acho que a poesia é uma espécie de dialética que perdeu o juízo. Livre, portanto. Ela nos dá essa liberdade de propor coisas contraditórias sem que seja para encontrar uma síntese. Talvez amanhã eu defenda o lirismo e os lírios!
ResponderExcluirBeijo, Andrea.
lírios épicos ou épica lírica, metapoesia.
ResponderExcluirabração
Belíssimo poema e belíssima imagem que este transmite... Tenha uma excelente quarta-feita!
ResponderExcluirBeijos.
Luiza, obrigado pela visita e pelo comentário. Sem dúvida, Van Gogh é um dos meus artistas prediletos. Desde de garoto eu lia tudo o que me caía nas mãos a respeito dele. Mais atrás, nos arquivos, há uma postagem em que comentei sobre as cartas dele e sobre a influência que a leitura delas exerceu sobre mim.
ResponderExcluirUm abraço.
Assis, é, acho que é metapoesia.
ResponderExcluirAbração!
Oi Isabella. Obrigado. Como demorei para aprovar os últimos comentários, agora vou lhe desejar um excelente quinta-feira!
ResponderExcluirBeijo.
Olá poeta, seu texto é de grande expressão existencial... Lembrei-me do saudoso Drummond de Andrade. Não há como amadurecer sem se deparar com as pedras do(no) caminho... Agradeço seu rico e agradável comentário lá no Sempre Poesia. Até a qualquer momento. Um abraço,
ResponderExcluirÚrsula
Úrsula, obrigado. É realmente uma alusão à "tal pedra" do Drummond. Então, o amadurecimento é aprender a reconhecê-las como acontecimentos épicos, para contorná-las, se possível, ou aceitá-las como irremovíveis. Obrigado por esse 'poeta' que parece tão distintivo vindo de você.
ResponderExcluirAbraço.
ADOREI!Vou salvar e guaradr na pasta especial. Excelente a ideia e a forma como foi posta.
ResponderExcluirGerana, nossa! Obrigado. É um elogio que faz bem a esse indivíduo aqui, inseguro e cheio de dúvidas.
ResponderExcluirUm abraço.
marcantonio,
ResponderExcluirconfesso, na minha ignorância, que não entendo as coisas dele ("na sua mais completa tradução")
meu olho não enxerga van gogh e, bem sei, pode ser um tipo de cegueira, é?
e, depois, ainda dizem que van gogh é que era doido de pedra...rs
eu, que jamais me vesti de lírio...
eu, que adorei o poema.
beijão, marquinho.
do
roberto.
ps: cumé que é? vamo pra beagá em outubro?
Ô Roberto, não vejo cegueira nem ignorância na sua opinião. Você é um cara autêntico. A gente costuma ver por aí muita opinião favorável ostentada superficialmente, por medo da inadequação cultural. Cegueira é essa afirmação gratuita de gosto a favor da corrente majoritária. O pobre do Van Gogh, ignorado em seu tempo, tornou-se um ícone amado, mas pouco compreendido, por temperamentos românticos. E ainda ganhou um salvo conduto por questões míticas. Como dizia o Nélson Rodrigues, toda unanimidade... Além do que, arte também possui afinidade de temperamentos. Portanto respeito e admiro a sua opinião sincera.
ResponderExcluirVocê precisa me explicar esse negócio de outubro. Rs.
Beijão.
Robert Frost tomou a estrada menos usada, nunca se arrependeu do que encontrou. Gosto dos lírios de Van Gogh, mas minhas flores favoritas ainda são os girassóis. Beijo-te com carinho.
ResponderExcluirKenia, sem dúvida, peguemos a estrada menos usada; há de fazer diferença para nós também. Ah, os girassóis são muito distintos, são emblemas do Van Gogh; e há muito mais do que flores ali, não é?
ResponderExcluirBeijo!