DESPERTAR
(Para Assis Freitas)
Bandos de palavras canoras
carregam auroras
para a minha janela.
Mesmo na alternância
das horas
não as despeço,
E me desperto nelas.
CERTEZA
Já não sei o que,
Não será tal e qual,
Nem saberei como.
Pressentido,
Mas encoberto.
Quê? Qual?Como?
Com certeza
Será incerto!
ARQUEÓLOGO
Desprendidas da procissão
As palavras transmigram de objetos
E lhes comprimem a carne como ventosas,
Tanto que uma rosa não é mais uma rosa
Que não é mais uma rosa,
Mas uma coroa de conchas espetadas,
Vermelhas e aveludadas .
No meu espírito, agora
Há outros vales dos reis
De um diverso Egito:
Adormeço e acordo
Com olhos aflitos:
Caracóis com fôlego de guepardos.
Depois dos quarenta anos
Tornei-me em arqueólogo
De adormecidas perplexidades
E esquecidos fardos.
Fazer Quarenta - Téc. Mista - Marcantonio.
Outras imagens minhas em : Cadernos de Arte
quinta-feira, 3 de junho de 2010
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Bonita sua procissão de versos.
ResponderExcluirAh, e merecida homenagem ao Assis, poeta que tbm admiro muito.
Beijos.
Oi Lara, eu fico pensando o porquê de apesar de ter ido ao seu Teatro da Vida, nunca ter deixado lá um comentário. Não foi falta de vontade de aplaudir. Talvez coisa de pudor e respeito só atribuível a esta minha cabeça meio esquisita. Vá se entender! Ainda bem que você me dá agora a oportunidade de transgredir esse pudor inexplicável.
ResponderExcluirObrigado pela visita e pelo comentário. Ah, só não admira o Assis quem não gosta de boa poesia. Temos esse privilégio de desfrutar do Mil e um Poemas.
Beijo.
oi marcantonio, que coisa mais boa eu cair aqui na tua página, quer dizer, nas duas, seu cadernos de arte é demais, cara, demais. e os poemas idem.
ResponderExcluirvolto sim, viu.
beijos.
Marquino, belo e belo o Fazer Quarentena; também justíssima homenagem ao Assis, essa figura que exala versos de uma belela contida mas sempre exuberante. E o Aequólogo, que aqui escolho nessa coroa de conchas espetadas, vermelhas aveludadas: trnasfigurações poéticas em cuja essência me reconheço inteira: parabéns e parabéns, sempre, pelo seu talento.
ResponderExcluirNessas ramificaçoes da internet onde encontra-se um "blog" no "blog" do amigo do amigo do amigo, achei essa preciosidade.
ResponderExcluirUm pessimista esperançoso.
Um desfile de belíssimos poemas, cada um mais significativo que o outro.
Abç
Rossana
Versos impecáveis e digníssima homenagem para Assis; um escritor que eu também sou fã!
ResponderExcluiro 'despertar' é fantástico, adorei!
ResponderExcluirparabéns! :D
Nina, é muito bom ver você aqui. Agradeço pela dupla visita e pelo comentário alentador.
ResponderExcluirClaro! Volte sim!
Beijo.
Tânia, obrigado sempre, sempre! Eu já fico aguardando essas reverberações generosas que você cria aqui.
ResponderExcluirUm grande abraço.
Rossana, isso que você falou sobre as ramificações é perfeito. Eu, desajeitado, às vezes me perco nelas, tanta coisa boa há por aí para as quais, apressado, esqueço de refazer o caminho!
ResponderExcluirObrigado por suas palavras.
Um abraço.
Oi Isabella. Sim, mas a poesia do Assis merece homenagens muito mais expressivas do que esse poemeto. Ela me impressiona.
ResponderExcluirObrigado, querida,
Um abraço.
Aline, obrigado. É muito bom quando você deixa a sua impressão por aqui.
ResponderExcluirUm abraço.
caraca, eu só consegui chegar hoje aqui (sexta-feira 23h17) e me deparo com essa deferência. fico sem palavras, elas me fogem quando eu mais preciso. elas não cantam com facilidade, mas mãos hábeis sabem cultivá-las, como as tuas mestre de cores e rimas. meu abraço e muito sincero agradecimento.
ResponderExcluirÔ Assis, assim quem fica sem jeito sou eu. Digamos que eu assim estou elogiando a minha própria percepção da sua poesia, tá bom? Rs. Importa é que as palavras continuem a encontrá-lo nos momentos em que engendra aquelas belas visões que você compartilha com a gente.
ResponderExcluirAbração!
Marco, que maravilha!
ResponderExcluirdas palavras canoras que carregam auroras (que traduzem tanto as palavras do poeta assis), à certeza de que será incerto (única certeza possível a nós) até a coroa de conchas espetadas, vermelhas e aveludadas (linguagem poética das mais belas), confesso-te que foi minha alma que transmigrou para essas imagens, dancei através delas...
depois fiquei pensando: então fazer quarenta é renascer com mais clareza e mais encanto?
um beijo pra ti
(eu fico aqui, com a coroa de conchas espetadas, vermelhas e aveludadas...)
Não sei, Andrea; renascimentos ocorrem, talvez esse aperceber-se que se vive, esse olhar perplexo para o que sempre esteve ali mas não se sabia. Estranho é que crises tenham hora marcada, como essa famosa, a dos quarenta. Não se pode defini-la, mas essa chegada ao ponto médio da linha da existência faz com que comecemos a medir virtualmente a distância entre as duas pontas. Renascer seria concluir que a vida não é uma corrida por meses e anos, mas um estacionamento no microcosmo de cada segundo.
ResponderExcluirUm beijo.
Versos de ler e reler, sentir e sentir.
ResponderExcluirBelíssimos os poemas e Assis é este tanto que versas. Grande abraço