( Feito na ocasião rara em que as minhas próprias palavras me levaram às lágrimas.)
ASSIM, MENINO EU
Alguma vez sou surpreendido
pela palavra que chega mais cedo,
Então, entre as coisas tristes com que lido,
faz-se um folguedo.
Este sorriso travesso e inapropriado
com que inicio um rito
que é ao tempo roubado,
um fazer-me menino que se oculta
em esconderijo
como se tivesse nas mãos
varinha e prodígios,
deixando a vida passar,
claudicante e a custo,
para inocente e num grito (a-há!)
matá-la de susto.
PROPEDÊUTICA
Deixemos de falar
como se falar fosse um evento.
Façamos silêncio:
- Sinta esse vento.
poema de folguedo de menino, aqui no Nordeste seria de pular fogueira já que estamos em comemoração ao São João. Encantador. E o vento? Sintamos, pois.
ResponderExcluirabração
Poeta, a sua sensibilidade leva à emoção não só vc, mas quem te lê tbm. Fiquei a procurar dentro de mim sentidos, palavras... agora vejo, basta sorrir ao ler tão delicados escritos.
ResponderExcluirBeijo grande!
Assis, pudesse eu estar num São João do Nordeste, não para pular fogueiras, mas para nelas aquecer essa saudade que não sei definir. Poxa, agora é que os meus olhos se enchem d!água mesmo.
ResponderExcluirAbração!
Lara, quando a coisa me vem assim sem que eu tenha que puxar por ela, me sinto um espectador. leio, então, como se outro o escrevesse. É raro, mas acontece. Nesse caso, senti uma emoção vindo de inconscientes revirados, sei lá.
ResponderExcluirCuriosamente, vindo de ler aquele sutil e belo "Ouriçada", com ar brabo, parei para reler o que eu havia postado hoje cedo: tava lá: "Sinta esse vento". Era o que eu havia experimentado minutos antes no Teatro da Vida!
Beijo.
Um susto capaz de sustar o coração!
ResponderExcluirBom saber que o vento corre dentro de ti...
Um abraço Marco!
Ô Fouad, recebo um comentário seu como se tivesse desfrutando de um privilégio.
ResponderExcluirE retribuo o seu abraço com toda sinceridade,
Neste abraço!
Deixemos de falar
ResponderExcluircomo se falar fosse um evento.
Façamos silêncio:
- Sinta esse vento.
A.d.o.r.e.i!
Hora dessas (assim espero) teremos uma publicação, um livro de poemas ilustrado, né não? Olha, já estou na fila.
Abraços,
Tânia
Brisa gostosa que chega aqui. Com umidade de lágrima de homem que ainda carrega em si o susto de ser menino.
ResponderExcluirEu sinto o vento. E ele me cheira bem.
Sorri daqui.
Beijo, querido!
Marco, menino te vi nesse poema, assim percebendo o sorriso e tudo, lindo, lindo...até ouvi o grito (a-há!)e o riso solto sobre a vida (coitada) caída de susto!
ResponderExcluire eu gosto do silêncio, um tanto mesmo.
um beijo pra ti, marco menino!
marcantónio, a vida passa por si; não precisa que a empurremos. não deixemos, todavia, que ela faça de nós formigas da mediocridade. a chave? deixarmo-nos surpreender pelas coisas e pelas pessoas. sempre!
ResponderExcluirum abraço, arquitecto das palavras (em resposta ao teu comentário no viagens de luz e sombra encontrarás as razões para este epíteto :-)).
↓
ResponderExcluirUm novo uniVERrso ← pra LER e...!
Um dia extra, rio, ver tudo!
Pra ver todo, um dia extra vai ver-ter...
Terei visto ou tido?
poeMARcantonhei!
Obrigado pela visita lá no 6vqcoisa, Marco.
Veja então... http://po--etica.blogspot.com
Abraços!
Que inspirador, Marcantonio. Também sofro dessa palavra que chega ou mais cedo ou muito tarde.
ResponderExcluirLindíssimo poema!
Olá Tânia. Obrigado. Projetos, projetos, projetos... Já tem uma gaveta cheia.
ResponderExcluirAbraços.
Oi, Luiza. :) Obrigado!
ResponderExcluirAbraço
Olá Sylvia! O seu comentário é muito bonito! Puxa vida!
ResponderExcluirSorria sempre, abundante-mente!
Beijo.
Andrea, esse seu "sobre a vida (coitada) caída de susto!" é demais! Muito bom. Tratemos de assustá-la, sempre, já que ela gosta de nos assustar. Paguemos com a mesma moeda!
ResponderExcluirUm beijo, Andrea.
Jorge, essa coisa é engraçada, não? A gente se esbarra por aí, no sub-solo destinado aos comentários, como se pensássemos: "conheço esse cara de vista"; e quando comentamos no blog daquele comentarista, agora feito autor, é como se fizéssemos as apresentações formais que, ainda bem, logo se transformam em familiaridade.
ResponderExcluirTenho visto você como um mergulhador que busca a profundidade do sentido.
Acho que não sou arquiteto verbal não. Talvez, se tanto, um maquetista. Mas se tantos maquetistas sonham se tornar arquitetos, e alguns conseguem de maneira distinta, como o famoso José Zanine Caldas, talvez eu ainda possa projetar alguns edifícios verbais. O meu comentário foi um ansioso e desajeitado rabisco de planta diante da agradável surpresa que era o seu poema, tão expressivo e surgido das sua viagens de luz e sombra.
Satisfação em vê-lo aqui.
Abraço.
Tonho, (uma parte de mim também é Tonho) cê vê que coisa, como falei aí em cima ao Jorge, já via você por aí, comentando principalmente no Fouad, e tomei coragem de ir lá me apresentar e conhecer um pouco do seu trabalho. Bela surpresa para esse preguiçoso e desleixado que sou. Já devia ter feito isso antes. Parece que criatividade, bom humor e simpatia são palavras boas para referir você. Mesmo que sejamos todos desenhos inacabados.
ResponderExcluirClaro que irei ao endereço que você sugeriu para saber e conhecer mais.
Grande abraço.
Bípede, obrigado. Sei que você também padece disso. Mas você sabe ajustar a hora da palavra ou recebê-la com a distinção e o respeito que uma grande amiga merece, mesmo chegando de surpresa.
ResponderExcluirAbraço.
arquitecto da palavra! foi assim que te li no comentário deixado no viagens de luz e sombra; é assim que te vejo no que escreves. e crê-me que não és dos que valorizam apenas a estrutura, na concepção artística. a obra nasce em espiral, agliutinando a forma, mas também a essência e seus diversos matizes sensoriais e emocionais. bravo!
ResponderExcluirum abraço!
Jorge, não tenho palavras. Acho que você tocou no que seja talvez uma preocupação minha: jamais apenas a forma. Refiro-me também ao artista plástico. Nem sei se isso é uma virtude, mas é, com certeza, uma obsessão, um pudor que me impede de erguer algo sem bases que me pareçam concretas. Ora, usei uma imagem relacionada às edificações! Mas, deixe estar!
ResponderExcluirComo eu disse, você me parece um mergulhador dos conteúdos profundos. Não diz nada por apenas dizer.
Grande abraço!
Maravilhoso!
ResponderExcluirSobretudo pela declaração
de que os versos
lhe trouxeram lágrimas...
Adicionarei seu espaço
às "delícias alheias"
que acompanho e recomendo!
Um grande abraço,
doce de lira
Renata, imensamente grato a você! Essa declaração das lágrimas foi algo tão espontâneo! Fiquei tentando entender porque elas vieram aos meus olhos...
ResponderExcluirGrande abraço sim!
...pois Marcantonio, eu li muitas vezes este e tantos outros poemas teus, na intenção de interpor-me entre o verso e os sentidos, na tentativa de emprestar pêndulo à curva da linha e, no trajeto inesperado da velocidade, a altitude é de um fim incomum - criança rarefeita no risco de imensa luz, quantos remansos existem num segundo!
ResponderExcluirEu te agradeço profundamente por isso.